Ramin Shams faz palestra sobre refugiados para os alunos do Instituto Gaylussac

Presidente do IsCool App, Ramin Shams, fala sobre sua experiência como refugiado do Irã aos alunos do Instituto Gaylussac, em Niterói-RJ

Alunos do Instituto Gaylussac, em Niterói-RJ, assistiram à palestra de Ramin Shams, presidente do IsCool App, no dia 4 de setembro. A ação faz parte do Projeto Refugiados na Escola, de iniciativa da Cáritas-RJ.

Essa é a quarta palestra na qual Shams fala sobre sua história. Mais recentemente, em julho desse ano, o empresário abordou o tema para os alunos do Colégio Sâo Vicente de Paulo, também em Niterói-RJ.

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De acordo com organizador do evento, José Victor Cosandey, essa palestra foi apresentada para alunos do 6º ano, na disciplina Cidadania e Salvaguarda.

“O fato de termos refugiados realizando palestras mostra aos alunos que eles existem, que são seres humanos que não queriam sair do seu país, mas foram obrigados, por diversos motivos”, conta.

É o caso de Ramin Shams, que veio para o Brasil refugiado do Irã aos 21 anos, quando viu a possibilidade de recomeçar a vida, ter uma formação acadêmica e prosperar. A educação na vida do empresário não é apenas um negócio, mas, sim, uma luta pela emancipação humana.

Sua visão vai ao encontro do projeto Refugiados nas Escolas que promove encontros entre pessoas em situação de refúgio e estudantes de escolas públicas e privadas do estado do Rio de Janeiro. A ideia é possibilitar a reflexão dos alunos sobre a realidade dos conflitos e perseguições que provocam deslocamentos forçados ao redor do mundo.​

Para Shams, a palestra foi muito proveitosa: “Os alunos estavam atentos e muito interessados em aprender. Foi muito bom dialogar com eles”, conta.

Depois da palestra, alunos do ensino médio entrevistaram Ramin Shams com perguntas sobre a vida dos refugiados, questões culturais, fase de adaptação, primeiras impressões sobre o Brasil, entre outras questões.

De acordo com o assessor de comunicação da Cáritas-RJ, Diogo Félix, o projeto começou em 2015 e, para atender à enorme demanda de pedidos de colégios, foi preciso criar um calendário de encontros periódicos, quase semanais.

“Nós incentivamos as escolas a valorizar a fala da pessoa refugiada, sobretudo porque esse auxílio é vital para a reconstrução da vida das pessoas que compartilham suas experiências com os estudantes”, ressalta. 

Atualmente, estima-se que há cerca de 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo (Dados: ACNUR, Junho/2018), incluindo 25,4 milhões nessa condição. São os maiores níveis de deslocamento já registrados desde a Segunda Guerra Mundial. 

Sobre Ramin Shams

Ainda no Irã, Ramin Shams foi impedido de estudar por pertencer a uma minoria religiosa, até que decidiu refugiar-se no Brasil. Seguidor da fé Bahá’í, o iraniano viveu uma infância permeada por episódios de xingamento e maus tratos.

Durante a adolescência, a intolerância religiosa passou a tomar proporções maiores em sua vida até que, em 1983, ele viu sua casa ser invadida pela Guarda Revolucionária Iraniana. Foram levados seus documentos, pertences familiares, os livros e até o direito de estudar. 

“Quando nos impediram de estudar, não imaginavam o tamanho da vontade inerente em cada um de nós, uma vontade que romperia qualquer barreira”, lembra.

Em 1986, Shams decidiu fugir pela fronteira com o Paquistão, em uma jornada a pé que durou dramáticos sete dias. Partiu para o Brasil, incentivado por um imigrante iraniano que já vivia no país desde a década de 1950.

“No início, a primeira barreira foi a língua, depois a adaptação cultural”, conta ele.

Sem dinheiro, Shams decidiu aliar a tradição familiar de mais de 70 anos em fotografia ao fascínio pela educação, tornando-se pioneiro no segmento de recordação escolar. Somente em 2006, 20 anos após sua chegada ao Brasil, ele pôde realizar o sonho de retomar os estudos. Hoje, com 54 anos, possui graduação em comunicação e marketing e MBA em gestão empresarial pela FGV.

Confira alguns cliques da palestra: