Ramin Shams, falou sobre sua experiência desde a fuga pelo deserto à consolidação de sua empresa aos alunos do Colégio São Vicente de Paulo, em Niterói-RJ

Ramin Shams, presidente do IsCool App, realizou palestra no dia 3 de julho de 2019, para os alunos do Colégio São Vicente de Paulo, em Niterói-RJ. A ação fez parte do Projeto Refugiados na Escola, de iniciativa da Cáritas-RJ.

O empresário veio para o Brasil refugiado do Irã aos 21 anos, quando viu a possibilidade de recomeçar a vida, ter uma formação acadêmica e prosperar. A educação na vida do empresário não é apenas um negócio, mas, sim, uma luta pela emancipação humana.

Sobre a palestra, Shams achou valiosa a iniciativa em prol da defesa dos Direitos Humanos: “Trata-se de um ato solidário da Cáritas-RJ e do Colégio São Vicente de Paulo ao abrirem um diálogo saudável na busca do combate às injustiças praticadas pelas grandes ditaduras”, diz ele.

Sua visão vai ao encontro do projeto Refugiados nas Escolas que promove encontros entre pessoas em situação de refúgio e estudantes de escolas públicas e privadas do estado do Rio de Janeiro. A ideia é possibilitar a reflexão dos alunos sobre a realidade dos conflitos e perseguições que provocam deslocamentos forçados ao redor do mundo.

“O ambiente proporcionado pela pastoral do colégio proporcionou aos alunos entenderem melhor o significado das dificuldades e problemas que cada um enfrenta ou poderá enfrentar na sua vida”, completa.

Projeto Refugiados na Escola

De acordo com o assessor de comunicação da Cáritas-RJ, Diogo Félix, o projeto diz respeito à necessidade de informar sobre o tema, combatendo mitos, além de sensibilizar para a necessidade de acolhimento e integração dessas pessoas.

“As palestras promovem empatia em relação à dor do outro. No entanto, não queremos jamais revitimizar os refugiados com um olhar de cima para baixo. Pelo contrário: incentivamos os jovens a enxergarem os refugiados a partir da coragem e da resiliência que eles demonstram”, ressalta.

Atualmente, estima-se que há cerca de 68,5 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo (Dados: ACNUR, Junho/2018), incluindo 25,4 milhões nessa condição. São os maiores níveis de deslocamento já registrados desde a Segunda Guerra Mundial.

Sobre Ramin Shams

Ainda no Irã, Ramin Shams foi impedido de estudar por pertencer a uma minoria religiosa, até que decidiu refugiar-se no Brasil. Seguidor da fé Bahá’í, o iraniano viveu uma infância permeada por episódios de xingamento e maus tratos. Com a intensificação da guerra entre o Irã e o Iraque, era comum ouvir a notícia de amigos e familiares sendo presos.

Durante a adolescência, a intolerância muçulmana passou a tomar proporções maiores em sua vida até que, em 1983, ele viu sua casa ser invadida pela Guarda Revolucionária Iraniana. Foram levados seus documentos, pertences familiares, os livros e até o direito de estudar.

“Quando nos impediram de estudar, não imaginavam o tamanho da vontade inerente em cada um de nós, uma vontade que romperia qualquer barreira”, lembra.

Em 1986, Shams decidiu fugir pela fronteira com o Paquistão, em uma jornada a pé que durou dramáticos sete dias. Partiu para o Brasil, incentivado por um imigrante iraniano que já vivia no país desde a década de 1950.

“No início, a primeira barreira foi a língua, depois a adaptação cultural”, conta ele.

Sem dinheiro, Shams decidiu aliar a tradição familiar de mais de 70 anos em fotografia ao fascínio pela educação, tornando-se pioneiro no segmento de recordação escolar. Somente em 2006, 20 anos após sua chegada ao Brasil, ele pôde realizar o sonho de retomar os estudos. Hoje, com 54 anos, possui graduação em comunicação e marketing e MBA em gestão empresarial.

Confira os melhores momentos da palestra de Ramin Shams